quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

BOLA 8 (8 – Pallo, Finlândia, 2013)

BOLA 8 (8 – Pallo, Finlândia, 2013)

Diretor: Aku Louhimies.

Elenco: Jessica Grabowsky, Eero Aho, Pirkka-Pekka Petelius, Mikko Leppilampi.

Curiosidade: O finlandês Aku Louhimes é um freqüentador da competição do Festróia e, com um novo filme na bagagem, era inevitável a sua presença nesta edição do festival de cinema de Setúbal.

Num comum thriller social e político, mas com muito boa edição, que o torna interessante, Pike (Jessica Grabowsky) ex-detenta com histórico de prostituição e abuso de drogas, teve uma relação doentia com um traficante. Por isso, quando Bola 8 começa realmente, não se admira sua saída da prisão com uma criança nos braços. Atenção na direção focada em mostrar que o sistema social funciona na Finlândia e, por isso, Pike tem direito a moradia e apoio financeiro do estado, enquanto lhe tentam arranjar trabalho.

Bola 8 é a tentativa de Pike redirecionar sua vida. Para isso, a bola 8 de snooker que ela coloca dentro de uma meia é uma metáfora entre a vida e o jogo, escolha e decisão, e uma escolha já é feita ao utilizar tal objeto como um meio de se sentir segura. Paralelamente a isto, um policial com um passado obscuro e o seu novo companheiro, traumatizado após sofrer facadas em campo, se envolvem de formas diferentes no caso de Pike.

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De inicio parece mais um filme fatalista onde o fim esperadamente trágico, parece ditar todo o desenrolar da trama, mas não, ele não é óbvio assim. Atenção ao número de seguro social, dígito 8 e este também simbolizar o infinito.

A direção, edição e fotografia preocuparam-se em transportar o telespectador aos sentimentos e sensações vividos pelos personagens, principalmente a personagem central, Pike, e isso acontece logo na primeira cena do filme, como um retrato de sua confusão mental. O genial é como a tomada nos inclui na sua mente abusada.

Pike é totalmente dependente de seu amante/ algoz e sua postura de extrema submissão favorecem maiores abusos. A cena onde Pike é estuprada, drogada e espancada pelo pai de sua filha, fez-me notar, através de sua expressão lívida, suas olheiras profundas e seu incrível olhar penetrante, o quanto suas mazelas do corpo interferem em sua mente e consequentemente, na nossa.

O filme não tem ritmo, o papel do policial ajudante do então mentor de Pike, que deveria ter um maior envolvimento da trama não funciona, enquanto seu parceiro, uma espécie de psicoterapeuta policial, se sobressai.

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Os três personagens centrais tem em comum a tentativa de lidar com suas vidas pós-traumas. O policial que mantém relação com os detentos, ex-detentos e viciados, mais parece se encaixar numa vida fora da normalidade, fica subentendido então, que ele já foi usuário ou sofreu as consequências deste mal e especialmente por Pike, ele desenvolve uma relação mais profunda.

É um thriller social, policial e gélido, a frieza é mostrada nas cenas de total solidão de uma ex-presidiária com histórico de abuso de drogas, de um policial recém-separado e ainda abalado por sua experiência de quase morte e de um solitário homem, já idoso, procurando alento ao ajudar os desajustados que mais se ajustam ao seu sentido de realidade.


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