sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A luz do Tom Reúne mulheres da vida  de Tom Jobim

Irmã e duas ex-mulheres relembram finado compositor em documentário.
Direção é do grande mestre  Nelson Pereira do Santos, que fez 'A música segundo Tom'.

O documentário "A luz do Tom", de Nelson Pereira dos Santos, é um complemento ao "A música segundo Tom Jobim", codirigido por Nelson e Dora Jobim. No filme lançado no ano passado, o foco era a música do compositor e maestro brasileiro, morto em 1994. Gravações famosas e raridades compunham um panorama da carreira de Jobim, que começou nos anos 1950.
Como o próprio Nelson anunciou no lançamento do longa anterior, este segundo documentário segue um estilo mais convencional, com entrevistas. Juntos, os filmes formam um díptico, estabelecendo um diálogo entre a vida e a obra do músico. Baseado na biografia "Antonio Carlos Jobim - O homem iluminado", da irmã dele, Helena Jobim, o longa se propõe a fazer um retrato intimista do músico por meio do depoimento das três principais mulheres de sua vida.
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Ana Lontra Jobim, que gravou seu depoimento para o documentário no Jardim Boitânico, na Zona Sul do Rio (Foto: Ivelise Ferreira/Divulgação)Ana Lontra Jobim, segunda mulher do compositor, que gravou seu depoimento para o documentário no Jardim Boitânico, na Zona Sul do Rio (Foto: Ivelise Ferreira/Divulgação)
A primeira entrevista é da própria Helena, que relembra a infância e juventude, na Lagoa e Ipanema, quando o casal de irmãos dividia um piano. Usando um chapéu de Tom enquanto dá seu depoimento em praias de Santa Catarina, ela conta curiosidades, como o fato de seu irmão ter nascido com a ajuda da mesma parteira de Noel Rosa. É ela quem revela a dedicação de Tom, que chegou a estudar arquitetura, mas abandonou por sua paixão musical.
Já Thereza Hermanny, que foi casada com Tom de 1949 a 1985, recorda os primeiros anos da carreira do músico, suas horas de dedicação ao trabalho, a parceria com Vinicius de Moraes e quando os Estados Unidos o descobriram. Ela confessa que achou que ele ficaria lá por algumas semanas, mas a permanência acabou prolongando-se por muitos meses, o que a obrigou a mudar-se temporariamente para lá, para ficar ao lado do marido, que se tornara um músico famoso.
Com Ana Lontra Jobim, sua segunda mulher, Tom também estabeleceu uma parceria profissional. Ela é fotógrafa e juntos fizeram alguns livros, nos quais ele assinava o texto e ela as imagens. Além de contar episódios do namoro dos dois, é Ana quem fala do Tom na maturidade, em profundo contato com a natureza -- tema, aliás, do trabalho dela.
Tom Jobim e Frank Sinatra, em foto de arquivo da revista Manchete (Foto: Divulgação)Tom Jobim e Frank Sinatra, em foto de arquivo da revista Manchete (Foto: Divulgação)
O depoimento de Thereza foi gravado na Região Serrana do Rio, enquanto o de Ana, no Jardim Botânico carioca -- ao qual Tom se referia como "o jardim de sua casa". Dessa forma, a natureza está sempre presente ao longo do documentário. Os sons de aves, do vento, do mar servem de fundo para os depoimentos, enquanto as imagens casam com perfeição com trechos de músicas do compositor.
Cineasta veterano, conhecido por longas como "Rio 40 graus" (1955), "Vidas secas" (1963) e "Memórias do cárcere" (1984), Nelson assinou dois documentários sobre Sérgio Buarque de Holanda (ambos de 2003) e, agora, vê em Tom Jobim uma fonte para estes dois longas, cujos roteiros foram assinados pelo diretor e Miúcha Buarque de Holanda, filha de Sérgio, irmã de Chico, e que também foi amiga de Tom Jobim.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)





http://www.youtube.com/watch?v=s5SQVxWfvps

Mostrando pela primeira vez material filmado por Roberto Berliner na década de oitenta, a "Farra do Circo" é um filme sobre a geração que formou o Circo Voador, a usina de sonhos. Do calçadão do Arpoador em 82 até sua viagem para a copa do México em 86 passando por uma noite inesquecível na Lapa, o filme mostra a geração que revolucionou a cena cultural brasileira.
Informações Técnicas
2013 | 01:34:00
Créditos
Direção Roberto Berliner, Pedro Bronz
produção executiva Rodrigo Letier
montagem Pedro Bronz, edt
coordenação de produção Lorena Bondarovsky e Leo Ribeiro
pós-produção Anna Julia Werneck
imagens Roberto Berliner
pesquisa Patricia Pamplona
finalização de imagem Hebert Marmo
edição de som e mixagem Denilson Campos

co-produção Canal Brasil
patrocínio SEC/RJ e Riofilme
apoio Pavê 

A Batalha do Passinho

A Batalha do PassinhoSe o rap foi além apenas da música e fez criar uma cultura do hip hop, com dança, grafite, entre outras formas de expressão, assistindo ao documentário A Batalha do Passinho, de Emílio Domingos, tem-se a impressão de que o funk carioca vai no mesmo caminho. Sem recursos, usando quase que somente a criatividade, jovens de comunidades carentes do Rio de Janeiro criam uma nova forma de dança, o passinho, que a princípio pode parecer apenas uma moda de movimentos incongruentes, mas vai muito mais longe.
A Batalha do Passinho mostra como base de sua estrutura as etapas de um campeonato para decidir o melhor do estilo, mas o principal do filme são os depoimentos dos personagens envolvidos com o movimento, sejam os organizadores deste campeonato, aqueles que divulgam de alguma forma o passinho ou os próprios dançarinos, que mostram a importância da criatividade de cada um e como eles souberam usar a internet para desenvolver esta nova dança.
No desenvolver da trama, é interessante acompanhar as diferenças que esta nova forma de dança traz em relação à maioria. Primeiro pela questão da internet, que se torna ferramenta imprescindível para qualquer um que deseja entrar no mundo do passinho. Mas, ainda a personalidade dos retratados, que foge do tradicional. Se no hip hop, por exemplo, o jovem dançarino tenta exaltar sua masculinidade para atrair a atenção, no passinho se faz o contrário. Muitos dos dançarinos exploram seu lado feminino, com claras referências ao universo GLBT, com o mesmo objetivo: conquistar as mulheres.
Para um leigo, grande parte do documentário de Emílio a princípio parece sem sentido, já que dá a entender ser apenas um grupo de garotos com movimentos que simulam uma forma estranha de dança. O diretor, no entanto, vai apresentando aos poucos a riqueza do movimento, a importância dele para os participantes – em certo momento chegam a dizer que quem tem poder em uma favela ou é traficante ou dançarino – e constrói o filme de tal forma que apresenta um final carregado de emoção.
Assim como A Alma da Gente, de Helena Solberg e David Meyer, A Batalha do Passinho mostra jovens de comunidades carentes do Rio de Janeiro que fogem da realidade da violência através da dança. E, da mesma forma trágica, a realidade bate na porta destes jovens mostrando que esta fuga não é assim tão simples. Na construção do filme, no entanto, Emílio é mais bem-sucedido em levar para a tela a forma como a violência afetou seus personagens.

Fonte. Br Cine

domingo, 12 de janeiro de 2014

De Repente Pai chega ao Brasil

Na comédia, personagem de Vince Vaughn descobre que é pai de 533 criançasNo final de semana repleto de estreias, a comédia "De Repente Pai" chega às telonas do Brasil nesta sexta, dia 10 de janeiro. No longa, protagonizado por Vince Vaughn, um homem de meia idade descobre ter sido pai de 533 crianças, através da doação de esperma.

Vince Vaughn é reconhecido por personagens descolados, com falas ágeis, poucos sentimentos,
 muita ironia e algum ar de galã. O descompromisso é a marca registrada dos papéis do ator, que agora tenta mudar essa imagem com a responsável comédia De Repente PaiSaem as mulheres, a bebida e palavrões e entram filhos, família e conselhos.o filme se trata de um homem que trabalha num açougue tem problemas financeiros e ainda deve $80.000, para tentar pagar a divida decide plantar maconha. david é um cara muito irresponsável, mais isso muda quando descobre que é pai de 533 filhos por doar varias vezes esperma, e para piorar sua namorada esta gravida... é um filme engraçado porem muito bonito, fala sobre o amadurecimento dos homens quando viram pais, pois quando ele descobre que é pai faz de tudo para melhorar, ser um bom exemplo para os filhos, minha parte preferida foi quando ele conhece um por um e começa a ama-los, o filme foca tambem no drama dos adolescentes na busca de um pai, david vê que fez a diferença na vida dos personagens coadjuvantes brett e o pai de david são ótimos, mais o filme é otimo! começar esquecendo que "De Repente Pai" é um remake e então veremos a própria essência desse filme. Aos fãs de Vince Vaughn, não irão ver mais um adulto fanfarrão, alias, não depois dos dez primeiros minutos. Gosto de imaginar que os personagens antigos eram o passado de David (Personagem de Vince) , mostrando agora o crescimento do ator com os seus personagens em um só, o que se torna mais fácil de comprar o filme; rapidamente vemos tal crescimento ao saber dos seus 533 filhos (talvez seja esse um dos poucos defeitos do filme, o personagem evoluir rapidamente). Apesar dos seus defeitos, "De Repente Pai" nos faz chorar, ao mesmo tempo, por rir demais ou por ser emocionante. Na questão do riso, Vince tem a bela ajuda de Chris Pratt (Parks and Recreation), principalmente nas cenas do tribunal e do veredito. A parte emocionante do filme já é maior, o que o leva de comedia para uma "dramédia", ver David se importando com seus "novos" filhos, sendo uma especie de anjo da guarda para eles se torna algo único e lindo, ele passa pela vida de vários deles, ajudando-os com gestos simples ou de grande importância para as suas vidas,Spoiler : mas um em especial, que não preciso citar, no momento em que veem, saberão de imediato a quem estou me referindo, a primeira cena com o tal chega a ser impossível não ficar com "o coração na mão". Notável o jeito que o personagem vem se importando cada vez mais com seus filhos, no ultimo do período "anjo da guada" é que o filme entra em uma especie de "parte 2", que ele cai na realidade de que 533 filhos não é pouca coisa, a partir disso, a historia claro, começa a se desenvolver mais rápido, os risos se tornam mais frequentes ou até as lagrimas. Uma ameaça a vida de David se torna a bola da vez do filme e fica revezando com os 533 filhos a atenção dos espectadores, a partir daí a historia vem a tona com mais clareza, chegamos no fim com o famoso "felizes para sempre" das comedias, mas com o diferencial, que esse agrada. Outros aspectos notáveis do filme e a trilha sonora que passa pelo rock do The Strokes, o cenário total do filme, a bela Nova Iorque também impressiona ao ser mostrada em outro ângulo, sem as festas ricas ou a famosa de "pobreza" do Brooklyn e por incrível que pareça os coadjuvantes do filme não fazem feio e são reconhecíveis para muitos cinéfilos e "sériemaniacos". Ao todo "De Repente Pai" é um filme para qualquer um que gosta de se divertir  e que sabe extrair as mensagens do texto e do video com o coração e einteligencia;EUA , 2013 - 105 min 

Comédia DreamWorks
Direção:
Ken Scott
Elenco:
Vince Vaughn, Chris Pratt e Cobie Smulders.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Além da Fronteira

 Além da Fronteira

Os atores Michael Aloni e Nicholas Jacob.

Os atores Michael Aloni e Nicholas Jacob.

O longa-metragem de estreia Além da Fronteira,do diretor Michael Mayer, expõe um pouco como é ser gay e ter um enlace amoroso com seu inimigo político, ideológico e religioso, escolhido pra si bem antes de nascer. Roy (Michael Aloni), o charmoso e belo judeu que trabalha como advogado e Nimr (Nicholas Jacob), o bonito e boa praça estudante palestino de psicologia, se conhecem numa boate em Tel Aviv. Logo eles se apaixonam e terão que lutar pra continuarem juntos. Talvez haja uma falta de química entre os dois atores, apesar do Michael Aloni conseguir atuar de uma forma mais verdadeira e consistente. O diretor israelense poderia ter trabalhado mais o lance da intimidade e cumplicidade entre eles. Já o roteiro possui alguns furos. Nada que comprometa a boa história ou a agilidade da narrativa.

Atravessar a fronteira não é um simples ato pra nenhum dos lados. Demanda autorização, checagens. Nimr dá escapadelas à noite do território palestino para Tel Aviv em busca de diversão. Na boate gay, ele se diverte sem maiores preocupações. A vivência de tudo isso acaba fazendo-lhe descobrir um pouco mais sobre si mesmo. A sensação de passar incólume reforça a coragem e a força de buscar plenitude. Sem que Nimr saiba, a agência de segurança de Israel está o monitorando, assim como todos os outros que transitam e/ou habitam naquele território. Ser gay em Israel não é bom, porém, na Palestina, significa ser condenado à morte ou ser renegado pela família, que cairá em desgraça, se alguém o souber. Em todos os países árabes, mesmo que não haja uma legislação sobre o tema, a tolerância é praticamente nula. Nimr sabe o risco que corre. Quando consegue licença para frequentar mestrado em Tel Aviv é como se uma porta abrisse. Seu irmão Nabil (Jameel Khouri), não gosta da ideia, pois seu lance é o confronto armado, a violência como meio de obter o que se deseja e que não é permitido. Mas de alguma forma ele admira inteligência de Nimr.

Nimr e seu irmão Nabil

Nimr e seu irmão Nabil

No decorrer do filme a tensão entre os irmãos só cresce. Teremos violência versus educação e direitos humanos. Nabil acha que ao ser violento fará com que o outro se intimide  e aceite as condições que lhe forem impostas num cenário onde tudo e todos são vigiados, muitas vezes até chantageados em prol do padrão desejado de comportamento.

Quando as coisas apertam, em termos de perseguição, Nimr pensa em deixar o território palestino de vez e ir em direção a Europa. Seu namorado dá uma negativa. Aquela terra tem muito significado e não seria fácil deixá-la pra trás. A Agência de Segurança segue apertando o cerco e não deixará nenhum deles em paz até conseguir o que deseja; matá-lo. A única alternativa que sobra ao jovem psicólogo é matar ou morrer. Seus ideal de vida não comporta a política praticada por nenhum dos dois lados. E assim se vê fadado ao exílio. O final em aberto do filme defende o argumento de que nem tão cedo teremos um desfecho positivo para qualquer um dos lados, uma vez que nem judeus, nem palestinos demonstram disposição pra negociarem em prol da paz.

BEM NA FITA:  boa direção, bons atores, roteiro envolvente e agilidade de narrativa.

QUEIMOU O FILME: o roteiro possui alguns furos.

FICHA TÉCNICA:

Nome: Além da Fronteira (Out in the Dark)
Direção: Michael Mayer
Roteiro:Yael Shafrir, Michael Mayer
Elenco: Alon Pdut,Jamil Khoury, Khawlah Hag-Debsy,Mustafa Na’amne, Michael Aloni,Nicholas Jacob
Edição: Maria Gonzales
Fotografia: Ran Aviad
Música: Ian dos Anjos, Begê Muniz
Produção: Mark Holden & Michael Lopez
País: Israel / EUA / Palestine
Gênero: Drama
Duração: 1h 36min
Ano: 2013


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

UM estranho no lago

Um Estranho no Lago | Crítica

Suspense verdadeiramente hitchcockiano restabelece o sentido do voyeurismo, cenas de sexo gay explicito e muito nu frontal! 

Um Estranho no Lago

Um Estranho no lago

Por Magno Martins

O filme francês Um Estranho no Lago, dirigido por Alain Guiraudie, mostra um universo gay muito diferente, lúdico até por demais. A história gira em torno de um lago, onde diversos homens gays vão para curtir um espaço de nudismo. Sim, neste filme, homens são mostrados com nu frontal. Nada demais com relação à isso, afinal, o nu tem sua importância, sim, e muitas pessoas procuram filmes de temática GLBT para apreciar também corpos nus de atores e atrizes.

Não há problema algum com relação ao nudismo do local, porém a forma com que a história foi abordada no filme realmente deixou a desejar. No filme, homens vão para “caçar” e cenas de sexo explícito entre os frequentadores do  local são mostradas. O primeiro deslize do diretor talvez tenha sido não se posicionar de forma eficiente entre o erótico e o teor sexual, puramente.

Por Marcelo Hessel 

Alfred Hitchcock teria dificuldade de fazer seus suspenses atualmente porque hoje tudo é voyeurismo, e um senso de perigo se perdeu nos nossos tempos, com a banalização do olhar e o fim da privacidade. Diante de um filme como Um Estranho no Lago (L'Inconnu du Lac), porém, talvez o mestre das ameaças e do pudor considerasse que nem tudo está perdido.

A trama se passa em uma única locação, um lago na França onde gays tomam sol e se banham à procura deparceiros. O flerte acontece na beira da água e o matagal atrás do lago permite um mínimo de intimidade para transas rápidas. Franck (Pierre Deladonchamps) não parece temer o contato com estranhos - o que fica dito quando ele conta para um cara que não anda com camisinha. Ao assistir a um assassinato no lago, porém, Franck passa a ver as coisas diferentemente.

Longas do diretor francês Alain Guiraudie, como O Rei da Fuga e este Um Estranho no Lago, partem de premissas policiais para lidar com a criminalização dos gays - um anacronismo que persiste em pleno século 21 - mas sem tornar isso um panfleto. Na verdade, no exercício de fazer de Um Estranho no Lago um suspense pura e simplesmente, Guiraudie consegue tratar do flerte enquanto risco, e do sexo enquanto aventura, sem incorrer em qualquer juízo de valor.

É como um microcosmo do mundo de hoje que o lago primeiro se apresenta, um lugar onde todos se exibem e se observam, bovinamente, sem pudor e sem anonimato. Guiraudie recorre ao crime não só para restabelecer um sentido de voyeurismo mas principalmente de perigo. E como nos melhores suspenses, a ameaça em Um Estranho no Lago é absolutamente física, presente, ainda que não esteja sempre à vista, e daí vem a atração que ela exerce, como um corpo apolínio que sai da água devagar, banhado em contraluz.

Não há clichê mais mal utilizado do que dizer que tal filme é hitchcockiano, mas isso sem dúvida se aplica a Um Estranho no Lago. O cenário de Guiraudie é falsamente plácido como a Bodega Bay de Os Pássaros ou o condomínio de Janela Indiscreta, e a partir do momento em que um crime macula essas paisagens harmônicas elas incorporam a violência - no filme francês, as árvores se agitam violentamente com o vento e até uma correnteza parece afligir o lago.

Filho de fazendeiros, o diretor francês não deve ter passado pela mesma formação católica traumatizante do cineasta britânico, mas, como nos filmes de Hitchcock, o perigo em Um Estranho no Lago vem acompanhado de um senso cristão de moral e culpa, que Guiraudie automaticamente questiona. Quando um detetive interroga Franck sobre o assassinato, não esconde a reprovação:"Como vocês conseguem voltar aqui depois do que aconteceu?". Franck dá uma resposta absolutamente francesa - "não podemos parar de viver" - mas no fundo talvez essa seja mesmo a única resposta possível.

Voltando para a história, o filme começa até que bem, focando principalmente na amizade entre Franck (Pierre Deladonchamps) e Henri (Patrick d’Assumçao). Franck começa a frequentar o local em busca de um parceiro. Henri, que já vivenciou experiências homossexuais, não se considera gay e frequenta o local para ver o tudo o que acontece. A amizade entre eles cresce cada dia mais, chega até a ser bonitinho, pois Henri foge totalmente dos “padrões e estereótipos” do mundo GLS e Franck é do tipo bonitão que todos desejariam ter pelo menos uma transa. Por um momento, seria até interessante se eles se envolvessem, mas a história toma outros rumos.

Ao presenciar um crime, Franck percebe que aquele lugar é muito perigoso para qualquer um. Essa é uma das partes mais intensas de todo o filme. No decorrer da trama, Franck se apaixona por Michel (Christophe Paou), o criminoso responsável pelo ato. A partir daí, a história entre Henri, Franck e Michel se entrelaça de uma forma arrastada, chegando a cansar toda uma história contada em apenas 97 minutos de filme.

Cinemascope---Um-Estranho-no-Lago-PôsterUm Estranho no Lago (L’inconnu Du Lac)

Ano: 2013

Diretor: Alain Guiraudie.

Roteiro: Alain Guiraudie.

Elenco Principal: Pierre de Landonchamps, Christophe Paou, Patrick d’Assumcao.

Gênero: Drama

Nacionalidade: França

 

 

 

Veja o trailer:

"Amor sem Pecado" (Adore - 2013)

Nós assistimos, "Amor sem Pecado" (Adore - 2013)


Existe uma peculiaridade nos filmes com teor mais polêmico. Alguns são, descaradamente, feitos para chamar a atenção do público e não tem nenhum conteúdo proveitoso, e existem alguns que são polêmicos, porém, trazem consigo uma carga de realidade que nos envolve, como acontece em “Amor sem Pecado” que causou um pequeno alvoroço ao ser divulgado. Anne Fontaine, diretora de filmes como “O preço da Traição” e “Coco antes de Chanel” comanda essa forte e diferente história de paixão entre dois casais. Vale lembrar que o filme é uma adaptação da obra "Two Grandmothers" da escritora vencedora do Prêmio Nobel, Doris Lessing.




Lil (Naomi Watts) e Roz (Robin Wright) vivem num lugar um tanto paradisíaco, à beira do mar, com seus filhos Ian (Xavier Samuel) e Tom (James Frecheville), respectivamente. Logo no início da fita, Lil perde seu marido e acaba vivendo sozinha com o filho, enquanto Roz continua casada. A cada cena fica fácil perceber o quão amigas elas são, a ponto de muitos as confundirem com lésbicas e julgar um caso amoroso entre as duas. Na verdade, a amizade entre elas é algo fortíssimo e o filme consegue passar isso tranquilamente e, inclusive, consequência dessa amizade é a relação entre seus filhos, grandes amigos que cresceram juntos. 

 Em determinado ponto, uma cena já começa aflorar no espectador um pensamento que viria a acontecer: enquanto os rapazes estão surfando, as duas mães estão na praia observando-os e verbalizando a admiração pelos jovens. Numa noite qualquer, depois de um jantar, Ian acaba dormindo na casa de Roz e, num impulso, acabam se envolvendo e, nessa mesma sequência, Tom descobre tudo. Um tanto revoltado, Tom resolve contar a Lil sobre o que viu e a mesma hesita em acreditar. É aí que aparece um ponto chave da história. Lil e Tom também se envolvem, mas neste caso, parece que, simplesmente, por vingança.



O ponto positivo do filme é que ele não é arrastado, não há ‘rodeios’ e até a metade do filme tudo parece já ter acontecido. Na verdade, não. Nas primeiras relações tudo já é esclarecido entre os personagens que, mesmo sabendo da estranheza da situação, decidem continuar, já que as mesmas se julgam felizes com aquilo. Dois anos depois, tudo parece tranquilo até que Tom vai à cidade a trabalho e acaba conhecendo uma jovem, com quem, inevitavelmente, se envolve. Lil se sente insegura e a relação dos dois se abala causando desconforto, também, ao outro casal e Roz, numa atitude madura, decide parar com todo o romance. Algum tempo passado, Ian e Tom se casam com suas respectivas noivas e Lil e Roz se tornam avós. Mesmo com toda essa áurea familiar entre eles, em certo momento Ian descobre que Tom ainda se envolve com sua mãe. Eis mais um tenso capítulo da história que traz um final excitante.

Como comentado no início, o filme causou certo ‘barulho’ inicialmente, porém, não há nada de apelativo nele. A história envolve uma paixão carnal entre personagens e ficaria vazio se não houve uma ou outra cena mais forte, o que não atrapalha seu desenvolvimento e não causa polêmica excessiva.

Falando um pouco sobre os pontos técnicos, não posso deixar de citar a incrível fotografia do filme. A beleza visual é perceptível em toda a projeção e isso dá um toque a mais no filme, além das cenas bem filmadas e ângulos coerentes e precisos. Somando a essa beleza técnica temos as interpretações. Particularmente, sou fã de carteirinha da bela Naomi Watts, mas não vou enchê-la de elogios, apesar de ela os merecer. Watts e Wright são veteranas e dão show na atuação. São excelentes e dignas de profunda admiração. Os dois jovens, no entanto, apenas cumprem seus papéis e, apesar de ofuscados pelas ótimas atrizes, mantêm um equilíbrio na tela.
















A estreia foi no o dia 01 de novembro, “Amor sem Pecado” é um filme que, com certeza, não vai agradar a grande maioria, mas devo dizer que, é sim, um excelente trabalho da diretora Anne Fontaine. A força da paixão e o desejo que vencem o medo dos olhares alheios. A entrega a um amor que é mais forte do que as aparências. 




NOTA: 7



Título original: "Adore"
Lançamento: 06 de Setembro de 2013 (EUA)
                        01 de Novembro de 2013 (Brasil)
Direção: Anne Fontaine
Elenco: Naomi Watts, Robin Wright, Xavier Samuel, James Frecheville.
Fonte: Minha visao de cine Blog